A recente guerra comercial entre China e EUA abalou o mercado financeiro recentemente. Com bilhões de dólares em jogo é difícil mensurar as consequências a curto, médio e longo prazo. O AgroNãoMia entrevistou William Yuen, executivo de estratégia e marketing na indústria química; entenda.
O que é a Guerra Comercial?
Para que você entenda o que é a Guerra Comercial entre a China e os EUA é preciso conhecer ambos os lados. Os Estados Unidos alegam que os Chineses praticam comércio desleal ao roubar propriedade intelectual e violar segredos comerciais de empresas americanas.
Na verdade o problema é o elevado déficit comercial entre os dois países. Em 2017 o valor foi de US$ 370 bilhões, ou seja, os Estados Unidos importaram US$ 370 bilhões a mais do que exportaram para a China.
Para cada US$ 1 que os EUA venderam para os Chineses, quase US$ 4 foram vendidas pela China para os Americanos. Com objetivo de reduzir este déficit os EUA decidiram criar barreiras para importações Chinesas.
O que foi feito até agora?
Em março deste ano os EUA adotaram uma tarifa de 25% sobre as importações de aço e 10% sobre o alumínio, incluindo as importações da China. Em julho o país impôs uma taxa de 25% sobre US$ 34 bilhões das impostações Chinesas.
Adiante, em agosto, esta taxa de 25% alcançou US$ 50 bilhões das importações Chinesas.
Recentemente, os EUA impuseram uma taxa de 10% sobre US$ 200 bilhões das importações vindas da China, que vai se tornar 25% a partir de janeiro de 2019.
Há ameaça de taxar todo o restante dos pouco mais de US$ 500 bilhões que os EUA importam hoje da China.
Em contrapartida a China respondeu com a tributação também das importações que fazem dos EUA. Mas como importam muito menos, não conseguiram retaliar à altura, tendo que apelar para a OMC (Organização Mundial do Comércio).
Impacto no Brasil
Mas o que o Brasil têm com isso? Esta guerra comercial entre China e EUA faz o Brasil passar como alternativa para ocupar o espaço destes países e aumentar suas exportações. Por exemplo, hoje a China importa US$ 12 bilhões em Soja Americana, e com a taxação de 25% sobre as importações Americanas, o Brasil desponta como o principal substituto.
O Brasil já está se beneficiando. Apesar do preço da soja em Chicago não ter sido impactado severamente, o preço pago pela Soja Brasileira já tem subido. Há um ano, o prêmio pago para a Soja no Porto de Paranaguá era da ordem de US$ 0,65-0,75, e agora está acima de US$ 2,30, uma alta de mais de 200%.
Apesar das excelentes notícias para o agricultor brasileiro, que vai vender mais e melhor, é preciso estar atento os próximos movimentos desta guerra comercial.
O Brasil tem nestes dois países seus principais parceiros comerciais. Com a China, o Brasil possui um superávit comercial de US$ 22 bilhões, e com os EUA, um superávit de US$ 2 bilhões.
Conclusão
O Brasil necessita buscar um equilíbrio a longo prazo. As ações e reações dos 2 países ainda estão longe de alcançar um status permanente. Ameaças e sanções estão sendo adotadas semanalmente.
As empresas Chinesas já estudam formas de evitar a taxação através de migração da sua produção para outros países, como México e Vietnã.
É claro que os impactos não acabam por aí. Com o aumento da atratividade dos produtos brasileiros, como a soja, os preços internos tendem a subir, pressionando a inflação, e consequentemente os juros. Isso só não aconteceu ainda porque o Brasil ainda não retomou seu crescimento após a crise dos últimos 3 anos.
O empresariado brasileiro precisa estar atento para capturar as oportunidades oriundas da Guerra Comercial entre China e EUA, seja no curto prazo, ou no longo prazo. Ao mesmo tempo, precisa estar preparado para mudar suas estratégias de forma muito rápida.
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